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COVID-19 e povos indígenas no Brasil

Segundo informações da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) já existem mais de 1,8 mil indígenas infectados pelo novo coronavirus no país, indivíduos de 78 povos distintos, contabilizando 182 mortes (111 no estado do Amazonas), sendo a maioria entre o povo Kokama. Entretanto, segundo o Ministério da Saúde, dados considerados oficiais pelo governo federal, são reconhecidos somente 1312 casos de infectados e 51 mortes, dado ao fato de que são contabilizados por esse órgão apenas os casos de indígenas aldeados, o que define menos de 60% do total de indígenas no Brasil.

Algumas comunidades realizaram barreiras sanitárias autonomamente em torno de seus territórios para evitar o contágio, já que as invasões de seus territórios por garimpeiros, grileiros, madeireiros e fazendeiros é a maior causa de transmissão do vírus, além de ser causa de inúmeras violências psicológicas e físicas, entre elas estupros e assassinatos. São exemplos dessas organizações comunitárias os Tremembé, no Ceará, e os Krahô, no Tocantins. Já no estado do Amazonas, o maior número de infectados está no interior, especialmente na região do Alto Rio Solimões, zona que só pode ser acessada através de barcos ou aviões, dificultando ainda mais (além dos 1.100 km de distância da capital) o acesso dos enfermos aos centros de saúde, já que o único município de todo o estado com capacidade para combate ao COVID-19 é Manaus.

Sem levar em conta esses dados, o governo estadual do AM, em parceria com o governo federal, adaptou uma ala do Hospital Nilton Lins, em Manaus, para tornar-se uma "ala indígena", adaptada com redes nos quartos e uma área especial para a presença de pajés, além de 53 leitos extras. De acordo com Joênia Wapichana, a ação beneficiará os indígenas que vivem em contextos urbanos, mas pouco ajudará aos que vivem em áreas rurais ou nos municípios do interior do estado, já que as distâncias são grandes e muitos dos doentes acabam morrendo durante o trajeto ou logo após chegarem ao hospital, sendo que a comunidade precisa enfrentar ainda a impossibilidade de devolução dos corpos, quando os parentes chegam a falecer longe de seus territórios, configurando violência de caráter racista institucional e estrutural, pontua Sônia Guajajara.

Os indígenas no Brasil estão mais fragilizados frente ao COVID-19 que o restante da população, principalmente por conta de fatores sociais como o baixo acesso à recursos para uma boa alimentação e higiene e falta de acesso à saúde, e também por aspectos culturais como a moradia em casas coletivas e compartilhamento de utensílios básicos. Constatou-se então que a letalidade entre os indígenas é mais que o dobro da média nacional, dado a isso, lideranças indígenas exigem interiorização do atendimento às vítimas do vírus no Amazonas, sendo a implantação da ala indígena de Manaus uma medida insuficiente.


Para sobreviver à pandemia e à falta de suporte estatal, os povos indígenas têm tomado iniciativas de buscar apoio econômico e político em organizações não governamentais e também na sociedade civil, já que muitos dependiam economicamente do turismo e da venda de artesanatos ou outras atividades que estão paralisadas por conta da quarentena, e a maioria não teve acesso ao auxílio emergencial disponibilizado pelo governo federal, já que todo o processo devia ser feito virtualmente e muitas comunidades não possuem acesso à internet, e logo era necessário ir até a zona urbana mais próxima para retirar o dinheiro, o que se tornou impossível devido ao isolamento comunitário

a que muitos povos estão enfrentando.

O Instituto Socioambiental (ISA) fez uma recompilação, onde você pode ver algumas dessas iniciativas solidárias e apoiar da maneira que puder.










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